Zica vírus e a Síndrome Paralisante de Guillain
Barré
Por Dra. Ana Escobar
em www.g1.globo.com
O Zika vírus é o
responsável pelo recente aumento do número de casos de microcefalia em nossos
bebês. Isso, por si só, já é uma tragédia extremamente preocupante e exige um
esforço do poder público e de todos nós para tentar conter a proliferação do
Aedes aegypti, que é o mosquito transmissor deste vírus.
Mas não é só isso.
Estamos observando também, paralelamente, um aumento do número de casos de uma
síndrome neurológica que paralisa os membros inferiores, podendo atingir
segmentos superiores do corpo, levando, inclusive, a situações de gravidade
como a paralisia da respiração. É conhecida como Síndrome de Guillain Barré.
Esta síndrome não é
nova. Mas sua associação com o Zika vírus, sim. Vamos entender o que significa.
Já há algum tempo
sabe-se que agentes infecciosos como vírus ou bactérias exigem um trabalho
extra de nossas células de defesa. Quando somos infectados por um agente
agressor, nosso “exército” imediatamente se mobiliza para nos defender. Em
algumas pessoas, porém, pode-se desencadear uma reação paralela, onde a
produção de anticorpos deflagra um mecanismo que nos faz produzir anticorpos contra
nós mesmos. Exatamente assim. Isso é o que chamamos de reação “autoimune”. Na
situação específica da Síndrome de Guillain Barré, os anticorpos produzidos
causam a paralisia dos movimentos dos músculos da perna, impedindo as pessoas
de andar. Se o quadro piorar, a paralisia pode atingir o sistema respiratório,
fazendo com que a pessoa acometida necessite de respiração por meio de
aparelhos, em uma UTI. Importante saber que esta síndrome paralisante é
reversível na maioria dos casos. Pode acometer quaisquer pessoas, de quaisquer
idades.
O número de casos
da Síndrome de Guillain Barré aumentou significativamente em 2015,
especialmente nos estados mais acometidos pelo Zika vírus e já se estabeleceu
uma relação entre os mesmos.
Fato é que que
vivemos, como apontam especialistas, uma tríplice epidemia no Brasil: dengue,
Zika e Chikungunya. Todas transmitidas pelo mesmo vetor: o Aedes aegypti, um
pernilongo que se prolifera em nossas casas, aproveitando-se do NOSSO descuido,
do nosso lixo jogado e deixado indiscriminadamente à espera de uma água de
chuva para servir de criadouro para milhares de pernilongos.
Trancamos nossas
portas e janelas. Evitamos ruas desertas e caminhos inseguros em determinadas
horas. Nossos prédios têm “gaiolas” para maior segurança. No entanto, devemos
também nos lembrar que os “inimigos” podem chegar voando pelo nosso descuido
irresponsável.
Disponível em www.g1.globo.com
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