Recordando Martinho Lutero, papa Francisco pede perdão pelo “escândalo
da divisão”
No último domingo, 15 de novembro, o
papa Francisco visitou a Igreja Evangélica Luterana de Roma, para recordar o
quinto centenário do nascimento do teólogo reformador Martinho Lutero (1483 –
1546).
Recebido pelos fiéis luteranos,
Francisco destacou que tinha alegria em manter o diálogo com a denominação que
possui profunda e estreita relação com a Reforma Protestante. “É com alegria
que oro hoje, em Roma, com os irmãos luteranos. Deus abençoe quantos trabalham
em prol do diálogo e da unidade dos cristãos”, afirmou.
“Houve tempos difíceis entre nós.
Pensemos nas perseguições entre nós, com o mesmo Batismo. Pensemos em quantos
foram queimados vivos. Devemos, todos, pedir perdão por isso”, pontuou o líder
católico, lembrando dos anos de perseguição após o início do movimento
reformista.
Lembrando da essência do Evangelho,
que ordena a divulgação da mensagem do Cristo e o cuidado com os mais
necessitados, Francisco fez referência à passagem de Mateus 25:31-33, que diz
que “quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos,
assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas
diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos
bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda”, e
questionou: “Nós, luteranos e católicos, de que lado estaremos, à direita ou à
esquerda?”
Oferecendo sua visão a respeito da
própria pergunta, e ao mesmo tempo, admitindo que as tradições – católica e/ou
protestante – não determinam quem será salvo, Francisco disse: “Jesus escolheu
os primeiros discípulos, os doentes que curava, a multidão que o seguia e o
seguia para O escutar porque falava como alguém que tem autoridade, não como os
doutores da lei que se pavoneavam”, contextualizou, acrescentando, que mesmo
depois de Sua ressurreição, Jesus escolhe a quem quer ao Seu lado. “Pensemos
nos discípulos de Emaús, como os acompanha. Deveriam ir a Jerusalém, mas
fugiram por medo e Ele se junta a eles e os acompanha. E depois se mostra, os
recupera. É uma escolha de Jesus”, acrescentou.
Em sua conclusão, Francisco agradeceu
pela hospitalidade fraterna com que foi recebido no templo evangélico: “Hoje
oramos juntos pelos pobres, pelos necessitados, ama-nos juntos, com verdadeiro
amor de irmãos. ‘Mas padre, somos diferentes, porque os nossos livros
dogmáticos dizem uma coisa e os vossos dizem outra…’ Mas um grande de entre vós
[um teólogo] disse uma vez que existe a hora da diversidade reconciliada.
Peçamos hoje esta graça, a graça desta diversidade reconciliada no Senhor, isto
é, no servo de Javé, daquele Deus que veio até nós para servir e não para ser
servido”.
De acordo com
informações da Rádio Vaticano,
antes de Francisco, a Igreja Evangélica Luterana de Roma foi visitada por
outros dois papas: João Paulo II, em 11 de dezembro de 1983, e Bento XVI, em 14
de março de 2000.
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